Exclusão da Rússia do G8 não seria "um grande problema"
"Se os nossos parceiros pensam que este formato está ultrapassado, que assim seja", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, numa conferência de imprensa, em Haia (Holanda), onde está a decorrer a III cimeira internacional sobre segurança nuclear.
"O G8 é um clube informal. Ninguém pode expulsar ninguém", indicou o político russo, acrescentando, no entanto, que Moscovo não encararia essa possibilidade como "um grande problema".
"Não estamos agarrados a este formato e não vemos uma grande tragédia se [o G8] não se reunir", referiu Lavrov, depois de encontros bilaterais com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano interino, Andriy Deshchytsya, à margem da cimeira.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou hoje que a cimeira do G8 (grupo composto pelos países do G7 - Estados Unidos, Japão, Alemanha, Itália, França, Canadá, Reino Unido - e Rússia), que este ano seria organizada pelas autoridades russas na cidade de Sochi, não será realizada.
Ao mesmo tempo que Lavrov falava, os líderes do G7 estavam reunidos na cidade holandesa, a convite do Presidente norte-americano Barack Obama, para debater a situação na Ucrânia e discutir eventuais novas medidas contra Moscovo na sequência da anexação da república da Crimeia.
Uma das hipóteses em discussão poderá ser a eventual exclusão da Rússia do G8. O país foi admitido em 1988 no grupo.
Ainda em declarações à imprensa, Lavrov insistiu que a Crimeia tem "o direito à autodeterminação".
O controlo da península por Moscovo não teve "intenções maliciosas", disse Lavrov, sublinhando que o objetivo foi "proteger os russos que vivem naquele território há centenas de anos".
"Confiamos nos nossos parceiros ocidentais durante muito tempo. Temos consciência do valor das promessas dos nossos parceiros ocidentais", concluiu o ministro russo.
A reunificação da Crimeia à Rússia foi ratificada pelo parlamento russo e promulgada pelo Presidente, Vladimir Putin, na semana passada, ignorando os protestos e as sanções impostas pelos países ocidentais.